quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Supremacia do Grupo

O que é, em verdade, um grupo?

Este é o terceiro conceito que divide o coletivismo do individualismo. O coletivismo está baseado na crença que o grupo é mais importante que o indivíduo. De acordo com essa visão, o grupo é uma entidade e tem seus próprios direitos. Além disso, esses direitos são mais importantes que os direitos individuais. Portanto, é aceitável sacrificar os indivíduos, se necessário para o "bem maior do número maior". Quantas vezes temos ouvido isso? Quem pode fazer objeções à perda da liberdade se ela for justificada como necessária para o bem maior da sociedade? O grupo final, é claro, é o Estado. Portanto, o Estado é mais importante que os cidadãos individuais, e é aceitável sacrificar os indivíduos, se necessário, para o benefício do Estado. Esse conceito está na essência de todos os sistemas totalitários modernos criados com base no modelo coletivista.



Por outro lado, os individualistas dizem, "Espere um minuto. Grupo? O que é um grupo? Isso é apenas uma palavra. Você não pode tocar um grupo. Você não pode ver um grupo. Tudo o que você pode ver e tocar são os indivíduos. A palavra grupo é uma abstração e não existe como uma realidade tangível. É como a abstração chamada floresta. Não existem florestas; o que existem são árvores. Floresta é um conceito de muitas árvores. Da mesma forma, a palavra grupo meramente descreve o conceito abstrato de muitos indivíduos. Somente os indivíduos são reais e, portanto, não existe essa coisa de direitos do grupo. Somente os indivíduos é que têm direitos.



O simples fato de existirem muitos indivíduos em um grupo e somente alguns em outro não dá maior prioridade aos indivíduos no grupo maior — mesmo se você chamá-lo de Estado. Uma maioria de eleitores não tem mais direitos que a minoria. Os direitos não são derivados do poder dos números. Eles não vêm do grupo. Eles são intrínsecos com cada ser humano.



Quando alguém argumenta que os indivíduos precisam ser sacrificados para o bem maior da sociedade, o que está realmente dizendo é que alguns indivíduos devem ser sacrificados para o bem maior de outros indivíduos. A moralidade do coletivismo está baseada nos números. Qualquer coisa pode ser feita desde que o número de pessoas que supostamente se beneficiará seja maior que o número de pessoas que serão sacrificadas. Digo supostamente porque no mundo real, aqueles que decidem quem será sacrificado não contam de forma justa. Os ditadores sempre afirmam que representam o bem maior do maior número, mas, na realidade, eles e suas supostas organizações constituem menos de 1% da população. A teoria é que alguém tem de falar pelas massas e representar seus melhores interesses, porque as pessoas são estúpidas demais para descobrir por si mesmas. Portanto, os líderes coletivistas, sábios e virtuosos como são, tomam as decisões para elas. É possível explicar qualquer atrocidade ou injustiça como uma medida necessária para o bem maior da sociedade. Os totalitários sempre se apresentam como humanitários.




Como os individualistas não aceitam a supremacia do grupo, os coletivistas freqüentemente os retratam como egoístas e insensíveis às necessidades dos outros. Esse tema é comum nas escolas hoje. Se uma criança não está disposta a seguir com o grupo, ela é criticada por ser socialmente indisciplinada e por não ser um bom "jogador de equipe" ou um bom cidadão. Aquelas elegantes pessoas nas fundações isentas de impostos têm muito a ver com isso. Mas o individualismo não está baseado apenas no ego. Está baseado em um princípio. Se você aceitar a premissa que os indivíduos podem ser sacrificados pelo grupo, cometeu um grave erro em duas frentes. Primeiro, os indivíduos são a essência do grupo, o que significa que o grupo está sendo sacrificado de qualquer forma, parte por parte. Segundo, o princípio subjacente é mortal. Hoje, o indivíduo que está sendo sacrificado pode ser desconhecido para você, ou ser até mesmo alguém de quem você não gosta. Amanhã, pode ser você. Leva apenas um momento de reflexão para perceber que o bem maior para o número maior não é alcançado sacrificando-se os indivíduos, mas protegendo-se os indivíduos. A sociedade é melhor servida pelo individualismo, não pelo coletivismo.


Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens,excelente texto. Compartilho do mesmo pensamento.

Ronaldo